Memórias - Bárbara Virgínia (A Primeira Realizadora de Cinema em Portugal)
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Revista "O Século Ilustrado" |
Bárbara Virgínia (Lisboa,
15-11-1923)
Um marco na história do cinema português. Uma grande razão para não deixar
que o tempo apague da memória nacional aquela que foi, é, e sempre será Bárbara
Virgínia ― a primeira 'Mulher' a
realizar um filme em Portugal, com estreia retumbante em 30 de Agosto de
1946, no antigo Teatro do Ginásio (Rua Nova da Trindade), em Lisboa.
Hoje poucos conhecem a realizadora (e atriz) de ‘TRÊS DIAS SEM DEUS’, uma história de superstições, preconceitos e… imagine… Suspense! ― que teve a audácia de penetrar num universo complexo, dominado por homens e regido por uma sociedade preconceituosa, em que o próprio sistema político remetia a mulher à total submissão do masculino, exaltando o seu papel na vida doméstica de sujeição e longe de todos os horizontes.
Em janeiro de 2001 foi relembrada com a passagem inaugural do seu filme TRÊS DIAS SEM DEUS no ciclo de cinema no Fórum Lisboa, denominado "Cineastas Portuguesas 1946-2000’, consagrado ao cinema Feminino (Bem-Haja!).
Nascida no seio de uma família burguesa, foi batizada com o nome de Maria de Lourdes Dias Costa, adotando posteriormente o pseudónimo de Bárbara Virgínia.
Frequentou o Conservatório de Lisboa, onde estudou dança, teatro, canto e piano, e, aos 15 anos, já era uma promissora voz na Emissora Nacional. Só mais tarde, durante a fase de atuação como intérprete de trechos de ópera e como declamadora, decidiu optar pelo pseudónimo de 'Bárbara Virgínia'. O Teatro Nacional de São Carlos acolheu-a como bailarina clássica, testemunhando-se assim, mais uma vez, a sua versatilidade artística.
Colaborou ainda na revista ‘Modas e Bordados’ como redatora, revelação de mais uma das suas facetas.
Estreou-se no Teatro com a peça ‘O Ladrão’, na Companhia Alves da Cunha e atuou na opereta de Silva Tavares ‘Sua Majestade o Amor’, alcançando uma popularidade que lhe abriu portas para o mundo do cinema. O filme ‘Sonho de Amor’ projetou-a decididamente para a fama.
Imparável, Bárbara Virgínia prosseguiu como locutora de rádio no programa popular ‘Comboio das Seis e Meia’.
Após um recital no Teatro S. Luís, a convite de um empresário brasileiro, partiu para o Brasil, onde assinou um contrato com a antiga TV Tupi, prosseguindo com uma carreira artística de sucesso, e muito querida e respeitada pelos brasileiros.
Esta extraordinária "Mulher" foi um dos muitos talentos femininos a procurar refúgio fora de Portugal, em tempos de ditadura e de machismo exarcebado, em que a mulher era educada para ser mãe e esposa, obediente e fiel aos princípios do seu "tutor" masculino.
Filmografia
Como realizadora
1946- Três Dias sem Deus (Festival de Cannes, em 1946)
Como actriz
1945 - Sonho de Amor, de Carlos Porfírio
1946 – Três Dias sem Deus, (realizadora e protagonista)
1947 - Aqui Portugal, de Armando Mirando
Fonte
wikipédia; Google.
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